5G

Banda Ku é opção para evitar interferência do 5G na TV via satélite, diz MCTIC

Crucial na definição de custos do leilão de espectro 5G de 2020, uma eventual limpeza na faixa de 3,5 GHz por conta de interferências na transmissão de TV via satélite (TVRO) em banda C pode envolver a migração de usuários do serviço para a banda Ku, caso a convivência do sistema com a telefonia móvel se revele muito custosa. A informação é do MCTIC, que confirmou as dificuldades para a convivência entre os dois sistemas, conforme apontado em testes da Anatel antecipados por este noticiário. Entretanto, ainda é necessário definir quantas residências devem ser afetadas pelo processo. Outro problema é que não existe, de imediato, capacidade em banda Ku em um único satélite para acomodar vários canais de TV, reproduzindo a situação atual, em que todas as parabólicas de uso residencial estão predominantemente apontadas para o satélite StarOne C2, onde estão os sinais não codificados das emissoras de TV aberta.

“Uma ideia que se discute é migrar usuários para outra banda, e obviamente teria que trocar equipamentos também. A banda Ku é uma possibilidade. São várias formas de se resolver: ou manter todo mundo na banda C e trocar os equipamentos, mesmo que se gaste muito dinheiro, ou mudá-los de lugar. Mas temos que aguardar o resultado oficial dos testes que a Anatel vai divulgar”, afirmou a este noticiário o secretário de telecomunicações do MCTIC, Vitor Elisio Menezes. Nos experimentos não foi constatada interferência do serviço móvel em 3,5 GHz sobre a transmissão de TV via satélite na banda Ku – até porque esta faixa tem uplink em 14-14,5 GHz e downlink em 11,7-12.2 GHz, bem além desse espectro cogitado para o leilão de 5G.

Menezes explica que, caso a manutenção dos sistemas TVRO em 3,5 GHz seja a opção (banda C), o processo de convivência seria complexo; o secretário também confirmou que há interferência mesmo com o uso de filtro nas TVROs (os chamados LNBFs). “Inicialmente existia ideia que trocando filtro do receptor do sinal na parabólica se resolveria o problema, mas isso não está sendo suficiente para resolver, tem dificuldade para manter intacta [a transmissão de TV] até mesmo com a troca do equipamento. Teoricamente teria que aumentar o diâmetro da antena, virar [praticamente] uma antena nova, o que encareceria demais o programa”, afirmou Menezes.

A baixa efetividade dos LNBFs foi apontada a este noticiário pela Claro Brasil em maio último, gerando divergência entre a empresa e concorrentes. Hospedando os testes realizados pela Anatel, a operadora indicava que os filtros experimentados até o momento não entregavam resultados satisfatórios. A informação também foi confirmada pela fornecedora de equipamentos de medição Viavi, que disponibilizou tecnologia para os testes da agência reguladora; segundo a empresa, nem mesmo as amostras mais sofisticadas dos LNBFs foram capazes de contornar interferências.

Abrangência

Segundo Vitor Menezes, contudo, um passo anterior à definição do caminho a ser seguido deve ser o conhecimento do número exato de usuários de TV via satélite atingidos. O secretário nota que os dados oficiais apontam para de 18 a 19 milhões de residências utilizando sistemas TVRO, mas que “os números são de antes da digitalização da TV, então já devem ter caído, principalmente onde houve desligamento do sinal analógico”.

Foram 1,4 mil cidades que passaram pelo processo de digitalização. No entanto, nestas cidades não foram distribuídos kits de recepção para a população de baixa renda onde não havia sinal de TV terrestre. Nessas residências, o acesso à TV permaneceu via satélite, com as parabólicas de banda V.

“[Já] nas capitais é bem provável que exista um número muito pequeno de parabólicas por conta da digitalização. E são sistemas identificáveis pelas radiodifusoras, então dá pra criar mecanismos de proteção”, completou o secretário, lembrando que uma abordagem priorizando cidades “da maior para a menor” pode ser utilizada. “Espera-se que o 5G chegue primeiro em capitais e grande centros urbanos, então é natural que possa ser escalonado por demanda. Isso nos dá algum conforto”. Conforme sinalização feita pela Claro Brasil a este noticiário em maio, o número de residências onde uma intervenção imediata deve ser necessária poderia rondar entre 2 e 6 milhões.

Fonte: Teletime

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