5G

Teles preparam edge como serviço e ampliam infraestrutura mirando 5G

Elemento obrigatório para a habilitação de serviços 5G no Brasil, a construção de infraestrutura computacional nas “bordas” próximas ao local do acesso (edge computing) está se tornando realidade entre as principais operadoras brasileiras. Enquanto a TIM já conta com 11 data centers edge operando em oito estados diferentes, a Claro Brasil projeta para o último trimestre o lançamento de produto baseado na tecnologia para clientes corporativos – um caminho que também deve ser trilhado pela Oi.

No caso da TIM, a estratégia foi divulgada junto ao piloto 5G realizado pela empresa em Florianópolis. Para habilitar o serviço de forma comercial um ano após o leilão de espectro de 2020, a empresa projeta 21 data centers edge até o final de 2021, além de outros 16 para funções core. O objetivo com a camada de rede descentralizada é permitir baixíssima latência em serviços de quinta geração. “Esse conceito arquitetônico é muito importante para o 5G, pois todo conteúdo deve estar o mais próximo possível do usuário final”, explicou o diretor de engenharia de rede da TIM, Marco di Costanzo.

Dentre os sites já ativos nas “bordas”, três estão no Paraná (Ponta Grossa, Maringá e Londrina) e dois em Santa Catarina (Blumenau e Florianópolis). As capitais de Rio Grande do Sul, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba e Goiás também possuem ativos do gênero, além de Campinas (SP). Na programação da TIM ainda estão pelo menos três data centers edge em Minas Gerais e mais dois em São Paulo, bem como em cidades de Alagoas, Bahia e Piauí.

Na Embratel, um investimento de R$ 30 milhões para a construção de sites edge em 16 cidades foi anunciado em abril. Dentre as praças, quatro (São Paulo, Brasília, Recife e Curitiba) devem contar já em novembro com um serviço para o segmento corporativo baseado na nova arquitetura de rede. “O edge vai ser lançado como solução”, afirmou o diretor executivo de soluções digitais da Embratel, Mário Rachid. “Ainda não decidimos se será Claro Edge ou Embratel Edge, mas o cliente vai conseguir contratar como serviço. Temos várias consultas de clientes e alguns contribuindo sobre como gostariam de estar comprando”, apontou, citando a recente unificação dos serviços fixos do grupo sob a marca Claro. A oferta deve ter impacto em todo o portfólio de Internet das Coisas (IoT) da Embratel, além de futuros serviços como carros conectados.

Segmentos similares no B2B são vistos como oportunidades pela Oi. “As verticais primordiais são IoT E controle industrial, mas também a parte do varejo que roda em data centers lá fora, além de saúde e utilities”, afirmou o diretor de tecnologias e plataformas da companhia, Mauro Fukuda. Segundo ele, a Oi já estuda como ofertar serviços de edge ao lado de parceiros da operadora na oferta de cloud privada, em oportunidade que deve se materializar em breve. Em um segundo momento, toda estrutura de “data centers telco” da empresa deve ser utilizada para viabilizar o serviços nas bordas.

“Além dos nossos seis data centers de TI, temos cerca de 12 data centers telcos. São centrais da operadora que evoluíram para data centers, comportando equipamentos e ‘hosteando’ software e serviços. Em muitos deles vamos implementar as soluções de edge computing. No futuro, todas as estações da Oi devem ser adaptadas para comportar esse tipo de servidores”, afirma Fukuda. Assim como projeta a Oi, TIM e Embratel estão utilizando o perímetro de centrais e outros ativos imobiliários para este fim. Vale lembrar que os data centers da Oi são um dos ativos que deverão ser colocados em venda no primeiro semestre de 2020, conforme plano estratégico da operadora anunciado nesta semana.

“Importante destacar que quem possui infraestrutura de conectividade pode trazer e efetivamente entregar essa tecnologia, por isso a importância de escolher um provedor que possua uma infraestrutura robusta”, adicionou, por email, o gerente sênior de marketing e produtos digitais B2B da Vivo, Adriano Pereira. “Já iniciamos estudos e provas de conceitode algumas aplicações e acreditamos nesta estratégia como diferencial para acelerar a adoção e performance de soluções em nuvem aos nossos clientes”. Entre as verticais destacadas pela empresa estão games online, serviços de IoT, análise de grandes volumes de dados, serviços em cloud e streaming de vídeo.

Pronto para uso

De acordo com levantamento recente publicado pela fornecedora de equipamentos e serviços para data centers Vertiv, a evolução tecnológica e o 5G devem exigir um crescimento de 226% no número de sites edge em operação até 2025. Bem menores que as instalações de colocation, hyperscale ou empresariais, os data centers de “borda” devem ser construídos com o propósito de atender requisitos específicos de uma aplicação.

“Essas soluções de infraestrutura ‘prontas para uso’ serão um componente importante para habilitar empresas e provedoras de telecomunicações a atender a demanda por serviços de edge”, aposta a Vertiv. Para eles, em telecom a tecnologia deve se adaptar a quatro casos de uso distintos: otimizado para consumo humano; otimizado para aplicações machine-to-machine (M2M); críticos à vida; e intensos de dados.

No momento, o site edge intenso em dados e com alta largura de banda é visto como necessidade primária para 42% da indústria. Segundo a Vertiv, ele será necessário em casos de uso onde a quantidade de dados torna “impraticável” transferi-los diretamente da rede para o cloud, ou do cloud para o local de uso. “Às vezes a cloud está tão longe que não adianta ter rede de acesso com baixíssima latência nesse caso”, adiciona Fukuda, da Oi. Se encaixam no exemplo fábricas e cidades inteligentes ou a entrega de conteúdo em alta definição.

Fonte: Data Center 2025: Mais Próximo do Edge (Vertiv)

Segundo os executivos ouvidos por este noticiário, modelos de parcerias também devem ser testados pelas teles ao lado de empresas de nuvem, infraestrutura e conteúdo, em caminho já seguido por operadoras de fora (sobre o assunto, a TIM preferiu não fornecer maiores detalhes). Por outro lado, esforços para uma padronização da tecnologia entre diferentes segmentos ainda são incipientes. “A preocupação é principalmente nossa. Discutimos muito edge na nossa relação com empresas de nuvem, mas [por enquanto] cada um está dependendo do seu pedaço e esperando que tenha uma compatibilização no futuro”, afirma Mário Rachid, da Embratel.

Fonte: Teletime

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